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NATTERER, Johann (1787 - 1843)

Johann Natterer era filho de Joseph Natterer, falcoeiro do imperador Francisco I na residência imperial em Laxenburg e colecionador de insetos, aves e mamíferos, os quais ele mesmo empalhava. Em 1793, Francisco I, interessado em ciências naturais, fechou a falcoaria, comprou todo o acervo de Joseph Natterer e contratou-o para trabalhar em seu gabinete natural em Viena.  

Joseph Natterer, então, mudou-se com a esposa e seus dois filhos, Josef Natterer e Johann Natterer, que seguiram os passos profissionais do pai. Em 1801, no gabinete em Viena, Josef Natterer júnior começou a trabalhar como ajudante voluntário. Cinco anos mais tarde, o gabinete natural foi organizado pelo diretor Karl von Schreibers, que nomeou Joseph Natterer sênior como Primeiro Guardião do departamento de zoologia. Com isso, Josef Natterer júnior passou a ser responsável pelas coleções de aves e mamíferos.  

Em 1804, Johann Natterer começou a acompanhar o pai em suas viagens de trabalho e foram juntos à Hungria. Posteriormente, passou a fazer viagens e coletas sozinho e, em 1808, iniciou suas atividades no gabinete natural como colaborador voluntário, auxiliando no deslocamento de um acervo de arte e de objetos naturais durante as guerras napoleônicas. Entre 1810 e 1815, realizou diversas viagens a serviço do gabinete e, em 1816, foi promovido ao cargo de guardião assistente.   

No ano seguinte, surgiria uma grande oportunidade para Natterer ampliar seus conhecimentos científicos ao integrar, como zoólogo, uma expedição científica ao Brasil. O país era pouco conhecido na Europa. Não eram muitos os relatos de viajantes sobre o país, uma vez que a entrada de estrangeiros era muito restrita. Somente em 1808, quando D. João VI abriu os portos do Brasil às nações amigas, um fluxo de viajantes percorreu o território brasileiro. Assim, essa seria uma oportunidade ímpar para Natterer e suas ambições colecionistas, o que foi ricamente aproveitado por ele. 

O austríaco desembarcou no Rio de Janeiro em 1817 e viajou por diferentes regiões do território brasileiro, coletando objetos naturais e etnográficos durante 18 anos. Em 1835, viu-se obrigado a retornar à Europa devido à Revolta da Cabanagem que acontecia no Pará. Apesar de ter retornado com uma extensa coleção que lhe rendeu a alcunha de "Príncipe dos Colecionadores", Natterer não publicou nenhum relato de viagem.

(Jéssica Uhlig)

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AQUINO, Fernanda Silva Dias de. Ciência, colecionismo e poder à luz dos documentos
de Johann Natterer
. 2016. Dissertação (Mestrado em Interdisciplinar Lingüística
Aplicada) - Universidade Federal do Rio de Janeiro. Orientador: Luiz Barros Montez.

MONTEZ, Luiz Barros. Johann Natterer e seu protagonismo na Expedição Científica Austríaca no Brasil, 1817-1835. In: ______; VIDAL, João Vicente (Org.). Rio de Janeiro-Alemanha: relações musicais. Rio de Janeiro: UFRJ, Escola de Música, 2015, p. 38-56. 

______. Johann Natterer e a situação singular de seu legado textual: propostas para uma análise crítica e ideológica de seus discursos acerca do homem brasileiro. [Anais do] 3º Congresso Nacional de Letras, Artes & Cultura. São João Del Rei (MG), 23 a 27 de agosto de 2010. 

RIEDL-DORN, Christa. Johann Natterer e a Missão Austríaca para o Brasil. Trad.: Mario P. C. R. Lodders e Maria Faro. Série dirigida e organizada por Cristina Ferrão e José Paulo Monteiro Soares. Petrópolis: Editora Index, 1999. 

SANTOS, Rafael Chaves. Construções discursivas sobre os índios brasileiros nas cartas de Johann Natterer. 2016. Tese (Doutorado em Interdisciplinar Lingüística Aplicada) - Universidade Federal do Rio de Janeiro. Orientador: Luiz Barros Montez.

UHLIG, Jéssica. A expedição científica austríaca e as estratégias discursivas de Johann Natterer. 2017. Dissertação (Mestrado em Interdisciplinar Lingüística Aplicada) - Universidade Federal do Rio de Janeiro, Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico. Orientador: Luiz Barros Montez.

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